9.1.18

Tiradentes: Uma epopeia de 300 anos


Texto do Sócio Olinto Rodrigues dos Santos Filho



Vista Parcial de Tiradentes, David Nascimento.


Neste 19 de janeiro de 2018 completa 300 anos o ato de criação do município de Tiradentes. Consta nas crônicas antigas que o arraial que deu origem a vila surgiu lá por volta de 1702, quando o ouro se manifestou da Região do Rio das Mortes, pela primeira vez.

Escrevendo em 1730, o capitão José Matoll, um dos mais antigos moradores da região e ativo nos conflitos da Guerra dos Emboabas, descreve de memória os descobrimentos e criação dos arraiais, por solicitação do Pe. Diogo Soares, documento este guardado na Biblioteca Distrital de Évora, Portugal. Assim ele narra os fatos: “o que posso informar a V Revma. Sobre o que me ordena, é, que no anno de 1702, pouco mais ou menos, descobriu Thome Portes d’El Rei junto ao sítio, em que hoje está a Vila de S. José, um Ribeiro que ele, como substituto do Guarda-Mor Garcia Rodrigues Paes, repartiu entre si, e alguns Taubateanos, onde formaram todos um arraial a que deram o nome de Santo Antônio, levantando nele uma pequena capela com a invocação do mesmo Santo, e nesta teve princípio a primeira freguesia deste distrito.”


 

Notícia sobre os descobrimentos das minas do Rio das Mortes, por José Matoll. 
Arquivo da Biblioteca Distrital de Évora, Portugal

Outros relatos dão conta que quem descobriu os veios de ouro foi o taubateano João de Siqueira Afonso, que tinha se hospedado em casa de Thomé Portes d’El Rei. João Siqueira Afonso já tinha experiência como minerador pois havia descoberto as minas de Guarapiranga e do Arraial do Sumidouro, enquanto Thomé Portes havia se estabelecido às margens do Rio das Mortes, explorando a passagem do Porto Real para quem ia de São Paulo para as minas de Ouro Preto e Sabará, ditas então Minas Gerais e fornecia hospedagem e mantimentos para os viajantes. Mas como autoridade (Guarda-Mor substituto) lhe coube demarcar e distribuir as novas minas descobertas. 

Pelo documento de José Mattol fica muito claro que a capela de Santo Antônio foi a origem da primeira “freguesia” da vasta região do Rio das Mortes, portanto anterior a capela de Nossa Senhora do Pilar do Arraial Novo do Rio das Mortes.

Quando o ouro se manifestou do outro lado do Rio das Mortes, se formou o Arraial de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes. Com a criação do outro Arraial, o de Santo Antônio passou a ser conhecido como Arraial Velho e o Pilar como Arraial Novo do Rio das Mortes.

O ouro foi explorado nos leitos dos rios e córregos, nas encostas dos morros e sempre em grande quantidade, o que fez com que muitos aventureiros acorressem ao lugar numa corrida desesperada pelo ouro, e criando conflitos entre os paulistas e taubateanos descobridores das Minas e os advindos do reino e de outras paragens da colônia. O conflito iniciado em Caeté vem tomando conta de todos os arraiais auríferos até desembocar no Rio das Mortes, onde batalhas sangrentas vão pôr fim a chamada Guerra dos Emboabas, lá por volta de 1709.

Apaziguado os ânimos, o Arraial Velho de Santo Antônio foi crescendo e a pequena capela bandeirante tornou-se Matriz por volta de 1710, quando foram registrados os primeiros casamentos, batizados e óbitos nos livros próprios e se criou a irmandade do Santíssimo Sacramento com o propósito de se construir um templo mais seguro e duradouro. Em 1721 a Matriz já funcionava plenamente e em sua pia batismal foi batizada Antônia da Encarnação Xavier, que se casará na mesma igreja em 30 de junho de 1738 e virá a ser mãe de Joaquim José da Silva Xavier, que nascerá em 1746, na fazenda ou Sitio do Pombal.

Em 08 de dezembro de 1713, o governador D. Brás Baltazar da Silveira cria no Arraial Novo a Vila de São João del Rei, que também é cabeça da Comarca Judicial e Eclesiástica  do Rio das Mortes. 
Os moradores do Arraial Velho não satisfeitos com a criação da Vila no Arraial Novo, requerem ao governador a criação de nova vila no Arraial Velho, o que é negado por D. Brás, mas logo seu sucessor, D. Pedro Miguel de Almeida e Portugal, conde de Assumar (1688-1756), que assumindo o governo de São Paulo e Minas, em 1717, atendeu ao apelo dos moradores do Arraial Velho e deu-lhes foros de Vila com o nome de São José, em homenagem ao príncipe D. José (1714-1777) àquela época com apenas quatro anos de idade. 

Príncipe D. José, futuro rei D. José I


Assina a petição ao Conde de Assumar os seguintes moradores do Arraial Velho: João Ferreira dos Santos, José Ferreira dos Santos, João André de Mattos, Silvestre Marques da Cunha, Domingos Ferreira dos Santos, João de Oliveira, Miguel Rodrigues, Manoel Pinheiro, Domingos da Silva, José da Silva, Domingos Rocha Moreira, Domingos Ramalho de Brito, Manoel da Silva Moraes, Diogo Alves Cardoso, Jônio Fernandes Pretto, Gonçalo Mendes da Cruz, Manoel Martins Machado e Gonçalo de Lima Rego. Esses homens foram portanto os responsáveis pela criação da Vila de São José do Rio das Mortes.

Na petição que dá origem a criação da vila, os argumentos utilizados pelos peticionários eram que para pagarem os impostos e fazerem seus negócios tinham que atravessar o Rio das Mortes “cujas passagens são muito arriscadas e perigosas principalmente no tempo das chuvas” e acrescenta que a freguesia “ é uma das maiores... com muita laguesa de matas para roçar... tem seus moradores casas quase todas cobertas com telhas por estarem as olarias perto da freguesia... poderá conservar uma bella vila das maiores destas Minas...” Fato importante aqui assinalado é a existência de casas cobertas de telhas de barro, uma vez que no início do século XVIII as casas eram cobertas de palha de sapê, inclusive as igrejas de Santo Antônio e de Nossa Senhora do Pilar.

 


Auto de Criação da Vila de São José, 19 de janeiro de 1718. Arquivo IHGT



Após a ordem de Conde se Assumar, quem veio instalar a Vila foi juiz ordinário, Antônio de Oliveira Leitão, por estar adoentado o ouvidor da Comarca, Dr. Valério da Costa Gouveia. No ato de instalação da vila assentou-se o pelourinho “num largo e praça que faz no dito arraial abaixo da freguesia, erigindo nele Vila, da qual deu logo parte os moradores como também seu termo e distrito começando este da banda de cá do Rio das Mortes...” Fica portanto claro que o pelourinho foi instalado no Largo abaixo da Matriz, onde posteriormente se construiu a Câmara, passando a ser conhecido como Largo do Pelourinho ou Largo da Câmara. A Câmara tratou logo de se instalar em uma casa alugada para os concelhos e faz sua primeira eleição da mesa em 30 de janeiro de 1718.

Largo onde se instalou o Pelourinho em 19 de janeiro de 1718. David Nascimento


Na ata de instalação da Vila assina além do Juiz Ordinário Antônio de Oliveira Leitão e do escrivão Luiz de Vasconcellos Pessoa os seguintes cidadãos: Manoel Marques da Cunha, Manoel da Costa Souza, Antônio Fernandes Pretto, Constantino Alves de Azevedo, Silvestre Marques da Cunha, Manoel Gonçalves Montes, Francisco da Rosa, Pedro Stone de Souza, Domingos Ramalho de Brito, Diogo Alves Cardoso e Manoel Pereira da Costa. 

Abrindo o pelouro da primeira eleição, realizada no dia 30, constante na ata de abertura do Pelouro “deste anno de mil setecentos e dezoito” foram eleitos Juízes o Capitão-Mor Manoel Carvalho Botelho e o Capitão Manoel Dias de Araújo; vereadores o Capitão Domingos Ramalho de Brito, Manoel da Costa Souza, Constantino Alves de Azevedo, Procurador Gonçalo Mendes da Cruz, Tesoureiro Domingos Xavier Fernandes.

 

 Auto de abertura do Pelouro (eleição da Primeira Câmara de Tiradentes), 30 de janeiro de 1718

Detalhe da Assinatura de Domingos Xavier Fernandes,
 avó materno de Tiradentes, como primeiro tesoureiro da Câmara de São José.


É curioso notar que dos eleitos apenas Gonçalo Mendes da Cruz e Domingos Ramalho de Brito assinaram a petição de criação da Vila. Também é mister lembrar que o primeiro tesoureiro da Câmara foi Domingos Xavier Fernandes, pai de Antônia da Encarnação Xavier e avô de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

Além da documentação registrada no “Livro primeiro de acórdãos e criação da Villa de S. Joseph”, que hoje faz parte do acervo documental da IHGT, o governo registrou no livro de Termo n° 05 da Secretaria de Governo 1709-1754, um “Assento q. se tornou sobre a Erecção da Va de S. Joseph do Rio das Mortes” datado de 19 de janeiro de 1718 em que aceita os argumentos contidos na petição tinha “resoluto mandar levantar hua Villa no do Arrayal com a denominação de S. Joseph...”

Assento sobre a criação da V. de São José, livro da Sec. de Governo,
19 de janeiro de 1718, Revista do APM, 1896.


Houve várias reclamações dos oficiais da Câmara da Vila de São João não só quanto a criação da Vila, mas quanto aos limites e termo da Vila de São Jose que quiseram reduzir a meia légua em quadra, o que evidentemente não foi obedecido. Em 1719 o Conde de Assumar vem pessoalmente à Vila de S. José, quando reafirma ser o limite entre as vilas o Rio das Mortes, ficando a parte norte termo de S. José e a parte Sul o termo de S. João del Rei.

Herculano Veloso transcreve em sua obra uma atestação do vereador mais novo Constantino Alves de Azevedo, datada de 19 de fevereiro de 1753, em que diz que a divisa era o Rio das Mortes. Em outra atestação diz “que vindo em setembro ou outubro de 1719, o Exmo. Dom Pedro de Almeida Conde de Assumar e hoje Marques de Alorna [...] querendo decidir das dúvidas [...] determinou o dito Exmo. Senhor demarcação do termo de esta Vila fosse por onde chamam o Rio das Mortes [...]”. Efetivamente na despesa que fez a Câmara no ano de 1719, consta: “que se despenderam na aposentadoria do Conde Dom Pedro de Almeida quando veio a dita Villa trezentos e sincoenta e sete oitavas de ouro e meya.................357:1/2”

 



Despesas feitas pela Câmara de S. José em 1719 com destaque para o 
pagamento da aposentadoria do Conde de Assumar. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa.



Os gastos exorbitantes com a aposentadoria, ou seja, a hospedagem do Conde de Assumar em 1719, comprova sua vinda a Vila de São José. É curioso que os gastos com a estadia do Conde foi a maior parcela da conta desse ano, só inferior a despesa com a casa alugada para a Câmara (258 oitavas de ouro).

Neste ano de 1719 aparece nas contas da Câmara, além da despesa com “as casas que ‘servem de casa da câmara’”, conserto das mesmas a Matias Francisco, consta pagamento da pintura das varas dos vereadores e com a Festa de Corpus Christi “93:1/2”. As varas dos vereadores eram símbolo do poder e eles deveriam portá-las em todas as solenidades, inclusive na procissão do Corpo de Deus, promovida pela Câmara. 

Após as reclamações dos oficiais da Vila de São João quanto a criação da Vila de São José, mormente a carta datada de 30 de junho de 1719, assinada por Joseph Alves de Oliveira, Marçal Casado Rotier, Francisco da Costa Rego, Pedro da Silva Chaves e Estevão de tal Almeida, o conde de Assumar escreve à coroa justificando a criação da vila, mas não dando tanta importância aos argumentos da petição, e sim a melhor organização para a cobrança de impostos, com a criação da nova vila. A confirmação real de criação da Vila de São José já havia sido expedida em 12 de janeiro de 1719, com a ressalva que o conde não criasse nenhuma outra vila sem ordem expressa da coroa.

 
Carta da Câmara da Vila de São João del Rei reclamando contra a criação da 
V. de São José, 30 de junho de 1719. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa.


Para a vila ter rendimentos e local para novas moradas, a câmara requereu ao capitão general e governador das Minas que lhes concedessem uma sesmaria, o que foi feito em 7 de março de 1718, conforme ficou registrado no livro próprio número 12 de 1717-1721, a folha 6 verso, que consta “dar de sesmaria meya legoa de terras em quadra fazendo pião na d.a Va... e que todas as pessoas que na dita meia legoa de terra fizerem casas serão obrigadas a pagar lhes foro e assim mesmo todas as que fizeram roças depois dessa concessão...” Portanto, data dessa época, os terrenos municipais que a Câmara e a Prefeitura aforou aos moradores até 2003, quando se promulgou o novo código civil que extinguiu a figura do aforamento ou enfiteuse, sistema antiquíssimo baseado no direito romano de propriedade.

Registro da carta de Sesmaria concedido à Vila de S. José em 1718. Arquivo Público Mineiro


A Vila de São José foi expandindo seus limites e posse, com novos descobrimentos de minas, avançando pelo sertão. A sua arrecadação de impostos chegou a enormes quantias o que mereceu menção de agradecimento do Rei D. João V, como consta em documento de 1802: “honrosa carta do Senhor Rei D. João V em que nos promete a sua real proteção...” No mesmo documento datado de 23 de outubro, os camaristas expressam assim sobre a Vila: “Esta Vila é uma das mais antigas povoações de Minas e a segunda da comarca do Rio das Mortes, ela nunca desmereceu a real proteção... Iam dilatando o seu termo e jurisdição. Nos seus princípios não tinha ela mais que o território da Vila e o pequeno Arraial de Prados e alguns lavradores em roda na distância de três ou quatro léguas, tudo mais eram sertões incultos que gentios e negros fugidos faziam inabitáveis. A diligência de nossos antecessores rebateu sempre os insultos daquela gente bárbara, até que, a poder de forças, despesas chegou a conquistar a Picada de Goiás, o Campo Grande, destruindo vários quilombos de negros fugitivos e facinorosos e principalmente o célebre quilombo do Ambrósio, cuja destruição, além de muita gente e armas que aprontou, dispendeu mais de seiscentos mil réis. Não custaram menos trabalho e despesas os matos de Itaverava e Catas Altas e outras partes mais...”

Com efeito, grande foi a despesa e os esforços das duas Câmaras para dizimar o quilombo do Ambrósio, uma das mais sangrentas e horripilantes páginas da história da escravidão no Brasil, onde as baixas dos negros eram contadas pelos pares de orelhas salgadas que eram entregues às autoridades das vilas. 

A expansão do território continua com a posse, em 30 de maio de 1744, do “Sertão chamado o Tamanduá”, depois Vila de São Bento do Tamanduá e, hoje, cidade de Itapecerica. Em 1754 é a vez da Câmara de São José tomar posse do novo descoberto de Pium-i, hoje cidade do mesmo nome no oeste do estado; em 1769 toma posse do Arraial de Santana do Bambuí, hoje cidade do mesmo nome. Nessa época, vão desbravando o sertão do oeste e colocando marcos de posse com as letras esculpidas TVSJ (Termo da Vila de São José), peça das quais há pouco tempo fui encontrada uma em Bambuí. Muitas dessas ações desbravadoras devem-se ao espírito aventureiro do mestre de campo Inácio Correia Pamplona (1731-1810), mais conhecido na história de Minas por ter delatado os conjurados mineiros. Pamplona vivia em sua Fazenda do Mendanha, na aplicação da Capela de Santo Antônio da Lagoa Dourada, mas muito fez no desbravamento e abertura de caminhos do Sertão do Oeste. 

Mapa do Termo da Vila de São João del Rei antes da criação da Vila de
Campanha. 1809, aquarela, Arquivo Nacional (F2/map.1-4/5). O Termo 
da Vila de São José del Rei aparece acima e em branco.


Mas com a decadência do ouro e o aumento da população, muitos dos arraiais que pertenceram ao termo da Villa de São José foram se desmembrando ou passado para outros municípios. Assim, as primeiras vilas criadas no fim do século XVIII desmembradas de São José foram a Vila de São Bento do Tamanduá, em 20 de novembro de 1789; a Vila de Queluz, em 19 de setembro de 1790; e a Vila de Barbacena, em 14 de agosto de 1791, reduzindo o enorme termo da Vila de São José a menos de um quarto do que foi. Foi neste momento que a Câmara reclamou à Coroa em longa carta reiterada em 23 de outubro de 1802, onde diz que “nenhuma delas é calçada nem tem uma fonte, na de Queluz servem-se de uma água má que está daí há meia légua, nem há meios de outras. As igrejas umas estão por acabar, as outras não são das mais decentes. As casa de Câmara de todas ellas foram casas de homens particulares, que ainda estão por pagar, por isso o dono da de Barbacena alcançou licença de sua Majestade para citar a Câmara, e não há nelas quem queira exercitar os cargos públicos; pelo contrário a Vila de São José está bem situada, tem um belo chafariz de excelente água, muitas lavras e uma casa de Câmara bem decente, e além de sete igrejas, é considerada por um belo templo que todos conhecem pelo melhor, mais decente e rico de Minas que é a Matriz...”

E ao longo do século XIX vão se  efetivando novos desmembramentos, como Oliveira em 1839 e Prados em 1890. Já no século XX, são desmembradas Resende Costa e Lagoa Dourada, em 1911, Barroso, em 1938 e, finalmente, o distrito de Santa Cruz de Minas em 21 de dezembro de 1995, reduzindo o território do município de Tiradentes a 80km quadrados. A Vila recebeu o título de cidade em 1860 pela Lei Provincial 1.092. Em 1881 o imperador Pedro II visitou a cidade e inaugurou a Estação da Estrada de Ferro Oeste de Minas, cujo trem até hoje circula entre São João del Rei e Tiradentes. Em 6 de dezembro de 1889 teve a cidade o nome mudado de São José para Tiradentes, em homenagem ao seu filho mais ilustre, Joaquim José da Silva Xavier, por sugestão do jornalista Silva Jardim durante a campanha republicana.

Mapa do Município de Tiradentes de 1924.


Em 1826, a Câmara informa ao governo provincial que a população do município era de 23.933 habitantes, entre brancos, pardos e pretos distribuídos entre a sede da vila, o Arraial do Córrego, o distrito de São Sebastião (onde ficava a Fazenda do Pombal), Santa Rita, São Tiago, Bom Sucesso, Santo Antônio do Amparo, Santana do Jacaré, Bom Jesus da Cana Verde, Bom Jesus dos Perdões, Senhora da Oliveira, São Batista, Padre Gaspar, Bichinho, Arraial de Prados, Capela Nova do Livramento, Capela da Ressaca, Lagoa Dourada, Capela dos Olhos D’Água, Ressaca da Lagoa Dourada, Capela Nova do Desterro, Arraial de Passatempo, Arraial do Japão, Arraial da Lage e Arraial do Cláudio. Os distritos mais populosos eram Oliveira, atual cidade do mesmo nome, com 2.079 habitantes; e Cláudio, atual cidade do mesmo nome, com 2.055 habitantes; enquanto a cidade da Vila contava com apenas 1.193 almas. 

A Vila de São José do Rio das Mortes, durante o século XVIII, foi palco de nascimento de personalidade de destaque na política, na ciência, literatura e artes. Uma das personalidades de destaque foi o Padre Mestre Frei José Mariano da Conceição Veloso, nascido em 1741. Era filho de José Veloso do Carmo e Rita de Jesus Xavier, primo de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, por parte de mãe. Veloso ingressou na ordem franciscana onde fez carreira como professor, orador e botânico, tendo escrito a obra “Flora Fluminense”, pioneira no Brasil no ramo da botânica. Em Portugal, Frei Veloso montou e dirigiu a Tipografia do Arco do Cego, onde editou a coleção “Fazendeiro do Brasil”, com obras dedicadas a contribuir com a agricultura na colônia, além de muitas obras de grande importância para a época. Morreu em 1811, no Rio de Janeiro. José Basílio da Gama, 1740-1795, teve sua formação e atuação em Roma e Lisboa, onde veio a falecer, deixando obra poética de envergadura, mormente o poema épico Uruguai, publicado em 1769. O padre Antônio Rodrigues Dantas (1740-?), nascido na freguesia de Prados, também primo de Tiradentes e do Frei Veloso, publicou em 1775 “A explicação da Sintaxe”, obra didática que durante todo o século XIX foi adotada nas escolas brasileiras, chegando a ter 15 edições até 1910.

 
Retratos imaginários de Basílio da Gama (por Tarcila do Amaral) e Frei Veloso (art. desc.)



Na política, o grande nome é sem dúvida o de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1992). Nascido na Vila de São José, foi o grande entusiasta e propagandista das ideias libertárias do movimento da conjuração mineira, tendo sido punido com a morte em forca por crime de lesa majestade, despontando na república como herói nacional. Ainda na política, pode-se lembrar do Marquês de Valença, Estêvão de Ribeiro de Resende (1777-1856). Nascido na freguesia de Prados, foi juiz de fora em Palmela (Portugal) e São Paulo, tendo exercido posteriormente vários cargos na justiça do Império, tendo também exercido os mandatos de deputado e senador, além de ministro de Justiça e conselheiro do império.


Martírio de Tiradentes, de Aurélio de Figueiredo e Melo, 1893.

Retrato de Marquês de Valença, acervo do
Museu Paulista.




No campo da música, destacou-se o capitão Manoel Dias de Oliveira (1735-1813), compositor e atuante com pequena orquestra nas solenidades das irmandades da Vila de São José, Vila de São João del Rei, Arraial de Prados e Arraial de Congonhas do Campo. Deixou um belo acervo de composições musicais para serem executado nas cerimonias litúrgicas, como ofícios de Semana Santa, hinos, motetos, Te Deum’s e outros.

Partitura Gradual para Quarta-feira Santa,
de Manoel Dias de Oliveira


No campo das artes, destacaram-se os entalhadores portugueses que aqui viveram e executaram a talha da Matriz de Santo Antônio, como João Ferreira Sampaio (?-1771), Pedro Monteiro de Souza e os mulatos Salvador de Oliveira e Antônio da Costa Santeiro, além do escultor sacro Valentim Correia Paes (?-1812), que morou e atuou em São João del Rei. É mister lembrar o nome do pintor mulato Manoel Victor de Jesus (1760-1828), embora possivelmente vindo de outro local, passou a maior parte de sua vida e morreu na Vila de São José. Foi o autor da decoração pictórica da Igreja de Nossa Senhora das Mercês, da Capela de Nossa Senhora da Penha de França do Bichinho, do forro da nave da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, além das pinturas das sacristias e capelas laterais da Matriz e do Órgão. Manoel Victor atuou na Vila de São José de 1782 a 1828, quando faleceu. 

Pintura de Manoel Victor de Jesus do Forro da
Igreja de N. S. das Mercês. David Nascimento


Mas além das conhecidas figuras de destaque, é necessário lembrar que a Vila era composta por sua população de brancos, pardos e pretos, que não deixaram seus nomes destacados na história, mas foram eles que construíram no dia a dia a vida cotidiana, ergueram as paredes de pedra, pau-a-pique e taipa, calçaram as ruas lamacentas, construíram o Chafariz de São José, o aqueduto da Mãe D’Água, os caminhos, a calçada da serra, os cruzeiros. Muitos destes eram negros cativos que amassavam o barro, lavravam as pedras e as carreavam para assentar as soleiras das casas e lajeado do adro da matriz. Muitos foram os pedreiros, canteiros e marceneiros que, ao longo de três séculos, construíram o patrimônio, hoje legado a nossa geração. Podemos citar, no século XVIII, o nome de Bento Gonçalves Franco que trabalhou na matriz, no chafariz, nos Passos da Paixão, nos calçamentos de rua; e o nome de Cláudio Pereira Viana, no início do século XIX, que trabalhou na construção da fachada nova da matriz, na construção da Igreja da Santíssima Trindade e da Nova Cadeia; ou o nome de Valentim Antônio Ramos, pedreiro atuante na segunda metade do século XIX em obras como as da igreja das Mercês e outras. Já no século XX, podemos lembrar da equipe montada pelo padre José Bernardino de Siqueira em que trabalhou Antônio Martins de Lima, Alvino Nogueira entre outros. A mesma equipe do padre José Bernardino foi assumida pelo SPHAN após a sua criação em 1937 e do tombamento do conjunto arquitetônico e urbanístico de Tiradentes, em 1938.

Na antiga São José e, depois, cidade de Tiradentes, muitas foram as pessoas que se destacaram no século XIX e XX. O sargento-mór João Antônio de Campos (?-1836), português que viveu em São José na primeira metade do século XIX, foi homem de respeito em sua época, administrador de obras, dirigiu a construção da igreja de Santíssima Trindade, opinou no orçamento da nova cadeia e, parece, ter acompanhado a obra da ponte das Forras. Só após a sua morte foi criada a Vila de Oliveira, em 1838, porque ele se opôs a esse desmembramento e, dizem que, soltaram fogos em Oliveira, quando souberam de sua morte, conforme relatou Carlos Laert em 1893.

Matriz de S. Antônio e, a direita, prédio da Câmara. Foto Still


O Comendador Carlos José de Assis (1821-1893) foi professor de primeiras letras, assim como sua mulher, Maria Ricardina de Oliveira Novaes, foi procurador e presidente da Câmara, membro de todas as irmandades, presidente da Sociedade Comemorativa do Centenário do Tiradentes e, principalmente, manteve um teatro por mais de 30 anos a sua custa, teatro esse que doou à municipalidade que, por sua vez, o deixou ruir por volta de 1915/1917.

Nos fins do século XIX e início do século XX, muitos músicos se destacaram e atuaram na cidade como os compositores Francisco de Paula Villela (1843-1918), Antônio de Pádua Falcão (1848-1927), José Lino de Oliveira França (1893-1952), Fausto Assunção (1892-1956), entre outros. O maestro José Luís Ramalho teria sido o fundador do grupo que veio a ser a Orquestra Ramalho, por volta de 1860, passando a batuta para seu filho Joaquim Ramalho (1879-1963), homem enérgico e admirado por todos de sua época. Seus filhos Joãozinho e Joaquinzinho Ramalho continuaram a tradição musical em Tiradentes. Antônio Nogueira, flautista da Ramalho, durante 50 anos promoveu a Festa de Passos e compôs apenas uma valsa (Dor de Recordação). Agostinho Ferreira, além de tocar o tuba na banda, cantar no coro como baixo, era sacristão e cuidava de todas as igrejas. Na velha trompa francesa, José Maria Muniz tocava enquanto o Juquinha Barbosa esmerava-se no trompete, o Mitula no clarinete, o Totonho da Maria do Zé Moura no bombardino, o Luis Carcereiro no tarol, o Teixeira no bombo e o Diquinha nos pratos. Aí estava quase toda a banda sem esquecer o Joaquinzinho Ramalho no trombone de vara.

foto: Matriz de Santo Antônio, fachada de 1810, de Alex Salim


Mas ainda é preciso lembrar o padre Laureano Antônio do Sacramento, sacerdote negro do início do século XIX, que, além de suas funções religiosas, foi vereador e, principalmente, músico. Foi organista da matriz, professor de música (manteve uma classe que, em 1826, tinha quarenta alunos), tocava vários instrumentos, promovia concertos nas residências e tinha um grupo de farrancho, uma espécie de serenata que percorria ruas da vila. O padre Laureano morreu por volta de 1844.

No século XX, destacou-se a figura do capitão Policárpio Rocha, industrial do ramo de cal, no distrito de Carandaí, comprou e doou ao município a Casa do Padre Toledo, hoje museu, onde se instalou a Câmara, a Prefeitura, um salão de festas e um cine-teatro.

Acervo do IHGT, 1979, Igreja de S. J. Evangelista e Casa do Padre Toledo.


Na gestão do padre João Batista da Fonseca se instalou água encanada em Tiradentes, em 1915. E na de Arthur Napoleão de Souza instalou-se a energia elétrica, em 1923, construiu-se a ponte do Rio das Mortes (1925) e a do Ribeiro Santo Antônio (1926). 

Os presidentes da Câmara e agente executivas foram, na República, Francisco das Chagas Campos (Barão de Itapecerica), do distrito de Prados (1887-1892); Herculano Batista Veloso (1893-1900); Antônio Chaves de Miranda (1901-1905); José Francisco de Mendonça (1905-1907); Militão Chaves de Mendonça (1908-1911); Antônio Chaves de Miranda (?); Padre João Batista da Fonseca (1912-1915); João Batista Gomes (1916-1923); e o Coronel Arthur Napoleão de Souza (1923-1931). Os prefeitos foram: José de Freitas (1931-1932); Evandro Mendes Viana (1932-1933); João Carlos do Nascimento (1933-1937); Celestino Rodrigues de Melo (1937-1945); Edmundo Loures (1946-1947); João Batista Ramalho (1948-1950); José Vilaça Teixeira (1951-1955); Augusto Cruz Baena e Paiva (1955-1959); Francisco Barbosa Júnior (1959-1963); João Batista Ramalho (1963-1967); Francisco Barbosa Júnior (1967-1971); Luis José da Fonseca (1971-1976); Josafá Pereira Filho (1976-1983); Nílzio Barbosa (1983-1986); Mauro Barbosa (1986-1989); Nivaldo José de Andrade (1989-1991); Luiz Carlos Barbosa (1991-1992); Nílzio Barbosa (1993-1996); Elvio Garcia (1997-2000), (2001-2004); Luis José da Fonseca (2004); Nílzio Barbosa (2005-2008), (2009-2012); Ralph Justino (2013-2016); José Antônio do Nascimento (2017).

Muitas figuras povoaram o imaginário do século XX, como Chico Machado, que gritava palavrões muito alto; Vicente Veloso (1889-1968), o Bolas Pelotas; Maria do Gato, com seu presépio cheio de gatos; o Zé Pedro, que, após beber uma pinga, raspava a faca no chão e gritava “sô polista, eu mato”; Sá Domitildes; Sá Porcina, que morou no passinho abandonado perto da Igreja de São Evangelista; Sá Maria das Tormentarias, que irritava o Padre Zé Bernardino falando alto durante a missa; o Chico Xambá, que dirigia a “dança dos velhos”; o Josino Capoeira, que esculpia nos troncos de samambaia; o Chico Mulão; o Sô Germano, que na falta de cachaça tomava querosene; o Preto do Zé dos Reis; seu irmão Jesus; o Cobrinha; Dé do Bichinho, que trazia mantimentos e falava com a Santíssima Trindade; Não podemos esquecer da Niguita e sua extravagantes fantasias de carnaval; e muitos outros.

Vivo está o Tião Paineira, oleiro, filho do oleiro Zezé Paineira. Havia os mentirosos de plantão, cuja lista era declamada para identificar os mentirosos: Chico Damas; Luis Paineira; Zizico; e Zibica. O Antônio Gomes (1895-1978) foi sapateiro, conserva guarda-chuvas, santos e tudo mais. Mas seu principal ofício era de fogueteiro. Fez um presépio de barro copiando as peças principais do presépio de Sá Cota Veloso e o resto inventou. Lá tinha a paralítica, o cego e o pedidor de esmolas. Sô Antônio Fogueteiro também fazia o Judas, que era queimado no sábado de aleluia. Era vicentino e tomava conta do Rosário e do Passo da Cadeia. Fez imagens para a Capela do Gaspar e pintou outras para a Capela do Livramento.

Desde o século XVIII muitas pessoas se empregaram no ofício de ourives, principalmente ourives da prata. Citamos no início do século XX o Francisco Cândido Barbosa;  o Carlos de Brites, o Gaudino Rocha, com sua oficina à Rua Direita, onde hoje é o restaurante Spaghetti, o José Amaro Conceição, cujos os filhos e netos seguiram na profissão: Vicente Cambota (filho), Geraldo Conceição (Mitula), Juca Ourives e Eros Conceição (netos). Teve grande oficina José Bernardo de Santana (o Pinduca), depois o Francisco Barbosa Júnior (o Chiquinho do Correio) e Geraldo Conceição (o Mitula). Durante todo o século XX, todas as pessoas trabalhavam fazendo (tecendo) colares, pulseiras, etc., inclusive as mulheres. Ourives de “mão cheia” foi o Chico Dâmaso, que fazia alianças de casamento e os conhecidos “brincos de cabacinha”, que todas as mulheres usavam. E depois, o Zico, José Gomes de Matos, que especializou-se em isqueiros e bingas. O Zé Dâmaso foi ourives a vida toda, depois de aposentado passou a pintar quadros primitivos de muita graça; o seu irmão, Cavaco (Antônio Ferreira), era dedicado a fazer gravações de nomes em pulseiras e placas.

"A cidade de São José tem três coisas importantes: a Matriz, o Chafariz
e o comendador Assis", ditado popular do séc. XIX. David Nascimento


Precisamos lembrar os que vieram de fora como o Yves Gomes Ferreira Alves (1929-1996), grande colaborador de tudo o que se fazia em Tiradentes e entusiasta da história local; o Fernando Rocha Pitta (1952-2006), excelente pintor que aqui montou seu atelier; o John Parsons, ferrenho defensor da natureza e da Serra de São José, e sua esposa Ana Maria, pioneiros de hospedagem de qualidade na cidade. 

Para finalizar, quero render uma homenagem ao Eros Miguel Conceição (1939-2012), homem dos sete instrumentos, que tudo fazia. Foi sócio fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes e seu presidente muitos anos; tesoureiro da Sociedade Amigos de Tiradentes (SAT); dos Bombeiros Voluntários; da Conferência de São Vicente de Paulo. Também foi secretário do Ginásio Dom Delfim Ribeiro Guedes (depois, Escola Estadual Basílio da Gama). Ourives de mão cheia, chegou a restaurar as lâmpadas de prata da Matriz após serem danificadas durante um roubo.  Montava com zelo a capela do Santíssimo Sacramento para adoração de quinta-feira santa. Fundou e dirigiu o Grupo de Teatro Entre & Vista, além de ter sido o fotógrafo oficial de Tiradentes por mais de três décadas. 

Quem foi o Conde de Assumar



Retrato do Conde Assumar, acervo da família Almeida e Portugal

Dom Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcellos nasceu em 17 de outubro de 1688 e faleceu em 10 de novembro de 1756, aos 68 anos de idade. Foi o terceiro Conde de Assumar, o primeiro Marquês e Castelo Novo e primeiro Marquês de Alorna, título que herdou após a morte do pai em 1733. Era de família antiga e nobre no reino de Portugal. Desde novo, teve rígida formação militar e serviu nas guerras peninsulares, tendo sido casado com Maria José de Lancaster (1715). O conde era originário da freguesia de Monforte, comarca e distrito de Portalegre. Veio para o Brasil governar a Capitania de São Paulo e Minas por nomeação de Dom João V em 1717. Tomou posse em São Paulo e seguiu viagem até a Vila do Carmo, atual Mariana, onde instalou o governo, pondo ordem no território conturbado das Minas. Durante a sua viagem, o Conde de Assumar parou em Guaratinguetá, onde foi recepcionado pela Câmara, quando houve o episódio do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida no Rio Paraíba, tornando-se, depois, a padroeira do Brasil. Criou as casas de fundição do ouro e a Companhia de Dragões. Enfrentou revoltas e desmandos dos mineradores e sufocou a revolta de 1720, de Pascoal da Silva, condenando Felipe dos Santos à morte e mandando incendiar as casas de quem não saísse do Morro de Pascoal da Silva, hoje Morro da Queimada, em Vila Rica. Em 1721, deixou o governo de Minas e voltou para Portugal. Em 1744, foi nomeado governador das Índias, cargo que exerceu até 1754, voltando depois à Lisboa, onde veio falecer. 

Recuperação de documento histórico

Em 1981, recebi a notícia, através de Humberto Paolucci, que tinha visto no museu de Cataguases um documento referente a criação da Vila de São José, muito antigo. Pus-me a lutar para saber se era verdade e recuperá-lo. Entrei em contato com a prefeitura e com a senhora Stela Mauro, sobrinha do cineasta Humberto Mauro, que confirmou estar lá o auto de criação da vila. Houve resistência em devolvê-lo, aí, acionei o nosso amigo Yves Alves, que, através da Globo de Juiz de Fora e da Fundação Roberto Marinho, conseguiu a devolução do documento de criação da vila. Fomos Josafá Pereira Filho, Yves Alves e eu à Cataguases e recebemos o documento, em sessão solene, das mãos do prefeito Peixoto, com ampla divulgação na imprensa. A Fundação Roberto Marinho conseguiu que a Casa de Rui Barbosa restaurasse a peça e fizemos nova solenidade de entrega, em sessão solene do Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes, no prédio do antigo Fórum de Tiradentes, com as autoridades locais e de Cataguases. Assim estava recuperada a certidão de nascimento da Vila de São José do Rio das Mortes. 

Anos depois, em uma reorganização no Arquivo Público Mineiro, foi encontrado na “Casa Velha” o “Livro Primeiro de Acórdãos e criação da Vila de São José”. O então direto do APM, Dr. Aquiles, fez a devolução à Tiradentes de alguns fragmentos de livros da Câmara que lá estavam, mas que a maior parte estava na Câmara de Tiradentes. Entre esses documentos veio o referido livro que foi recolhido ao acervo do IHGT. O documento foi encaminhado para a restauração na Casa de Rui Barbosa, restauração essa patrocinada pela FIEMG através de seu presidente José Alencar Gomes da Silva. Qual não foi nossa surpresa e satisfação quando vimos que as duas folhas do Auto de Criação da Vila que estavam em Cataguases eram, na verdade, as folhas 1 e 2 do tal livro de Acórdãos de 1718-1722, ficando assim ele completo com a reintegração das tais folhas. Este documento é sempre exposto na sessão solene do Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes, realizada em todo 19 de janeiro de cada ano.


Relógio de Sol da Matriz, 1785, e relógio de algibeira do Tiradentes. Testemunhas do Tempo da Vila de São José.




3 comentários:

Sullita disse...

Uma aula de historia!!! Maravilha!

Sullita disse...

Uma aula de história!Conteúdo rico em detalhes.

Unknown disse...

Sou descendente do Capitão José Veloso do Carmo (Certidão de Nascimento de João Veloso da Mata) e estou fazendo nossa árvore genealógica da Família Veloso & Velozo & Vellozo, gostaria de sabaer mais sobre ele e seus descendentes para continuar minhas pesquisas. Obrigado